O informativo estadual da RedeTV! em Ceará apresenta uma matéria para sensibilizar contra esse desafio social desde o Lar Santa Mônica, com os testemunhos de beneficiárias e membros da equipe de atenção integral do projeto da Família Agostiniana Recoleta em Fortaleza, CE.
RedeTV! é uma rede de televisão comercial brasileira com emissoras em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, além de 60 estações afiliadas e mais de 600 retransmissoras em todo território brasileiro. Seu informativo estadual no Ceará do passado 01 de agosto se centrou nos últimos dados oferecidos sobre violências contra crianças e adolescentes segundo o último Anuário Brasileiro da Segurança Pública.
“O Brasil registrou mais de 800.000 casos de violência contra crianças e adolescentes no primeiro semestre do ano. No Ceará, os casos de maus tratos aumentaram mais de 30%. Essa adolescente que não pode ser identificada foi torturada e espancada pela mãe da infância até os 14 anos de idade, quando foi acolhida no Lar Santa Mônica:
‘Não deixavam eu fazer cursos, só me deixava dentro de casa e às vezes, por besteira, me batia. Apanhei de cabo de vassoura, minha mãe já quebrou vaso na minha cabeça, nos meus irmãos. Já apanhei de várias outras coisas também, já apanhei de cinturão, já apanhei de cipó’.
Priscila Alencar de Andrade Coelho é a psicóloga do Lar Santa Mônica: ‘Elas chegam realmente bastante inseguras, com transtornos dos mais variados possíveis e gravidade bem elevada: transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo, de insegurança, muita desconfiança, que prejudicam qualquer tipo de relação afetiva que elas possam ter’.
No Brasil no primero semestre de este ano cerca de 150.000 denúncias pelo Disk 100 expuseram aproximadamente 870.000 violações contra criança e adolescente. No Ceará foram registradas em torno de 4.000 denúncias totalizando 24.000 violações no período. Das 184 cidades do Estado, 150 tiveram registros.
A violência contra criança e o adolescente aumentou em todos os aspectos em 2023, segundo o Anuário Brasileiro da Segurança Pública. O estupro continua sendo o crime mais recorrente, totalizando 230 a cada 100.000 crianças e adolescentes vítimas dessa barbárie. O resultado da pesquisa sugere que as crianças de 10 a 13 anos estão cinco vezes mais susceptíveis ao crime de estupro.
Ariel de Castro Alves é advogado especialista em direitos da infância e juventude: “Nós temos no Brasil a questão do aumento do consumo de drogas e álcool e também nas crises familiares, separações dos casais, aumento da pobreza e a miséria… Todas essas situações contribuem também para o aumento da violência contra crianças e adolescentes”.
Essa adolescente que foi recolhida em no Lar Santa Mônica encontrou forças para superar os traumas e motivação para viver: “Eu penso em ser jogadora de basquete, porque lá na minha escola tem uma equipe e um treinador e a gente joga basquete e, de vez em quando, a gente faz uns campeonatos”.
A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma ferida aberta, uma chaga que expõe a vulnerabilidade de uma sociedade incapaz de proteger seus membros mais indefesos. Os números são assustadores: no Brasil houve em 2023 mais de 74 mil vítimas de estupro e estupro de vulnerável, e sabe-se que esses dados representam apenas uma fração do que realmente acontece.
A cada dez vítimas, seis têm entre 0 e 13 anos. A maioria dessas violências (68,3%) ocorre onde deveria existir proteção e segurança: o lar. E o 71,6% ocorrem durante o dia, sendo os agressores, em muitos casos, familiares próximos (6 em cada 10 vítimas).
Este tipo de violência se manifesta em todas as camadas sociais, e fica reforçada por uma cultura de silêncio e impunidade. O sistema frequentemente falha em protegê-las, resultando, em muitos casos, no retorno da criança ao convívio com seu agressor.
O Lar Santa Mônica tem se destacado como uma luz de esperança para vítimas de abuso sexual como abrigo físico e refúgio emocional e psicológico, uma referência no atendimento e acompanhamento das vítimas. A luta, árdua, enfrenta não apenas a falta de recursos, mas também a B de um problema enraizado na sociedade.
Os dados divulgados na edição 2023 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam esse cenário devastador: em relação ao ano anterior (2022) a taxa de estupro e estupro de vulnerável cresceu 8,2% e chegou a 36,9 casos para cada 100 mil habitantes; 75,8% das vítimas,por tanto, eram incapazes de consentir, fosse pela idade (menores de 14 anos), ou por qualquer outro motivo (deficiência, enfermidade etc.).