Prevoluntariado Internacional ARCORES Espanha. Julho 2024.

A Equipe de Voluntariado de ARCORES, a Rede Solidária Internacional Agostiniana Recoleta, organizou um voluntariado prévio, formativo e solidário do qual participaram dez jovens como experiência prévia e conhecimento mútuo para um possível voluntariado internacional.

ARCORES Espanha, em colaboração com a Fundação Escola de Solidariedade de Atarfe (Granada), organizou de 24 de junho a 6 de julho um encontro formativo e solidário do qual participaram uma dezena de jovens que haviam mostrado previamente interesse em realizar, no futuro, um voluntariado internacional com ARCORES.

Os dez tinham em comum sua relação próxima com ministérios dos Agostinianos Recoletos na Espanha: assim, procediam dos colégios Romareda de Saragoça, Santo Agostinho de Valhadolide, Agostiniano de Madri e São Tomás de Vilanova de Granada; da Paróquia de Santa Rita de Madri; e da casa de formação para religiosos recoletos da Província de Nossa Senhora da Candelária no bairro madrileno de Canillejas.

O objetivo era que os dez voluntários de ARCORES se integrassem, ajudassem e convivessem na Fundação Escola de Solidariedade, cujos beneficiários são pessoas sem-teto e migrantes sem permissão de trabalho ou residência, em situação de especial vulnerabilidade e desigualdade social.

Na Fundação, conviveram durante esses dias 154 pessoas entre voluntários e beneficiários, em um ambiente que promove a riqueza da interculturalidade e no qual a realidade surpreende e provoca reflexões e questionamentos, elimina preconceitos através do contraste e do conhecimento pessoal e mútuo.

Inácio, o mentor da Fundação, está há 40 anos dedicado aos mais vulneráveis e explicou aos voluntários de ARCORES sua motivação fundamental para continuar: a mensagem de amor de Jesus Cristo e seu “segue-me”, que aceitou de forma radical, mesmo contra sua família.

As pessoas na Fundação se comprometem por escrito a trabalhar pela manutenção e a cumprir normas básicas de convivência. Da comunidade recebem atenção integral para suas necessidades elementares e sociais, integração social e apoio para refazer suas vidas.

Um dos voluntários de ARCORES Espanha descreveu assim seu encontro com essa realidade:

“Estamos aqui há três dias e já percebemos que a vida flui em outro nível. Coisas que nos pareciam essenciais aqui não são; outras coisas inimagináveis se vivem com total naturalidade; as precariedades da vida se tornam comunitárias e fraternas”.

Embora cada dia trouxesse suas novidades, a jornada dos voluntários de ARCORES na Fundação começava com o café da manhã comunitário às 8:30; seguia com a reunião de distribuição do trabalho da manhã; almoço às 14:30; e tarde de convivência e atividades com os beneficiários. O jantar era próprio do grupo e a jornada terminava com jogos e conversas descontraídas na praça de Atarfe.

Entre as oficinas e atividades em que participaram os voluntários de ARCORES estavam a cozinha do centro, ações de manutenção (limpeza ou pintura), creche, apoio escolar, gestão dos armazéns de roupas, cuidado da horta e da padaria

Também colaboraram nas atividades de arrecadação de fundos para a manutenção da Fundação: elaboração de gravuras e geleias, oficinas de marcenaria e costura, e atendimento às duas lojas da Fundação (Casa Kuna e La Cartuja).

Como reforço formativo, os dez voluntários participaram de tertúlias de uma hora de duração sobre a emergência alimentar, a participação de crianças em guerras, a integração social e a interculturalidade, ou a apresentação dos países e comunidades de origem dos beneficiários.

Relataram-se histórias de todo tipo: quem somos, o que fazemos, como nos sentimos, que sonhos de futuro temos… especialmente vibrante foi o testemunho de uma voluntária recém-chegada da Palestina.

Outro voluntário de ARCORES relata assim sua experiência:

“Não nos conhecíamos previamente, mas a generosidade comum e a vontade de ajudar nos tornaram amigos. A bondade das pessoas da Fundação e de seus beneficiários nos fez sentir parte dessa comunidade. Nós os levaremos sempre em nossos corações”.

Os voluntários de ARCORES Espanha poderão agora enfrentar melhor qualquer tipo de experiência de voluntariado internacional. Não era necessário ir muito longe para aprender a viver com o básico, a integrar-se sem preconceitos com os diferentes, a abrir a mente para novas culinárias e tradições…

As histórias sobre como os beneficiários chegaram em barcos improvisados ou porta-malas, como sofreram abandono ou perderam sua documentação, lhes deu uma perspectiva diferente ao conhecer pessoalmente aqueles que, num piscar de olhos, tiveram que mudar de mundo, de situação vital…

A experiência também serviu para criar comunidade com outros jovens com as mesmas inquietações, alguns mais próximos ou de maneira mais fácil (como o grupo dos dez voluntários de ARCORES), outros mais distantes e imprevisíveis, como foi a presença, coincidente nesses dias, de voluntários italianos, letões, romenos ou americanos dos programas Erasmus+ ou Global Works.

Por último, a experiência também teve um importante caráter agostiniano, de modo pessoal ao ter que fazer prevalecer a comunidade e o “nós” frente ao “eu” e aos desejos pessoais; e apresentando a todos na Fundação o carisma agostiniano recoleto, com ênfase na amizade como valor através da frase agostiniana “Onde há bondade, há amizade”, escolhida por todos.