Dom Francisco Javier Acero, bispo. Novembro de 2022. Cidade do México.

No dia 18 de novembro, o Cardeal do México, Carlos Aguiar, acompanhado do Núncio e do Bispo recoleto Carlos Briseño como bispo coordenantes, presidiu a ordenação episcopal na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, para alegria da Família Agostiniana Recoleta.

O cardeal arcebispo do México, Carlos Aguiar, conta, desde 18 de novembro passado, com um novo bispo auxiliar para ajudá-lo a administrar a diocese mais populosa do México: Trata-se de Francisco Javier Acero (Valladolid, Espanha, 1973), religioso da Província de São Nicolau de Tolentino da Ordem dos Agostinianos Recoletos.

O fato da Igreja escolher um membro de uma família religiosa para o seu serviço é sempre motivo de alegria e incentivo para continuar a servir a Igreja, Povo de Deus, com um compromisso vivo, autêntico e intenso. Por isso, cada ordenação episcopal torna-se também um momento de reencontro, acolhida e alegria.

O prior geral dos agostinianos recoletos, Miguel Ángel Hernández, e os priores provinciais das quatro províncias em que esta ordem está organizada, juntamente com outros vinte religiosos vindos de outras localidades, juntaram-se à Família Agostiniana Recoleta no México para participar da celebração.

Francisco Javier estava acompanhado de sua família, que havia chegado de Valladolid, na Espanha; alguns de seus irmãos religiosos com quem esteve mais próximo durante os anos de formação inicial no noviciado e no teologado; e muitos amigos e conhecidos com quem compartilhou a vida e a missão por tantos anos no México.

Também chegaram ao México dez bispos agostinianos recoletos que, como Francisco Javier, foram chamados pela Igreja para acompanhar o Povo de Deus em países como Brasil, Argentina, Costa Rica, Panamá, Peru e Espanha. Outro bispo recoleto, Carlos Briseño, os esperava no país anfitrião, atualmente com sede em Veracruz.

Foi este último, juntamente com o Vigário do México e Costa Rica da Província de São Nicolau de Tolentino, Frei Martín Luengo, que no dia 17 recebeu os membros da Família Agostiniana Recoleta do exterior, para acompanhá-los em um passeio pela Cidade do México, entre outros lugares a Catedral Metropolitana.

A ordenação começou às 11 horas da manhã do dia 18 de novembro na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, com a presença de 30 bispos e cerca de 120 sacerdotes. Durou duas horas e quinze minutos. No altar-mor, os nove postulantes do Postulantado de Santo Agostinho dos Agostinianos Recoletos da Cidade do México atuaram como coroinhas e acólitos.

Na ação de graças, o recém-ordenado bispo recordou que sempre se sentiu acolhido, amado e acompanhado no México, usando um termo muito local: “apapachado”. Ele expressou gratidão a toda a Ordem e à Igreja e concentrou parte de seu discurso no lema que escolheu para seu episcopado: “Eu quero misericórdia”. E por isso “pediu” a todos a prática habitual da misericórdia. No final desta nota está o conteúdo completo desta alocução.

A Família Agostiniana Recoleta e a família do novo bispo se reuniram posteriormente para uma refeição festiva onde foi mais fácil parabenizar o novo bispo, cumprimentar os presentes e compartilhar de forma amigável e, acima de tudo, fraterna.

O novo bispo também celebrou uma Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe de los Hospitales, ministério com o qual iniciou sua estada no México assim que foi ordenado. Ele foi acompanhado por 15 bispos e 15 sacerdotes e religiosos, a Fraternidade Secular Agostiniana Recoleta local e o povo de Deus que caminha nesta Paróquia.

Na sua homilia contou todo o processo da sua nomeação episcopal e como teve de enfrentar a notícia da sua eleição. Mais tarde, todos se dirigiram às instalações do Centro de Acompanhamento e Recuperação do Desenvolvimento Integral (CARDI), para almoçar. Este local é também um referencial na vida ministerial de Frei Francisco Javier, pelo seu papel e atuação neste projeto social.

No domingo, 20 de novembro, foi celebrada a Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora de Czestochowa, o outro ministério no México onde Frei Francisco Javier serviu, neste caso também por seu papel como Vigário Provincial do México e Costa Rica. Neste caso, a homilia foi feita por monsenhor Ángel San Casimiro, bispo agostiniano recoleto emérito de Alajuela, Costa Rica. Durante a ação de graças, falou o prior geral da Ordem dos Agostinianos Recoletos, Miguel Ángel Hernández.

Este dia terminou no vizinho Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus das agostinianas contemplativas recoletas de Lomas de Tecamachalco, que recebeu os bispos recoletos que vieram ao México para participar da ordenação.

Mensagem de Ação de Graças de Frei Francisco Javier Acero
por ocasião da sua ordenação episcopal.
Basílica de Guadalupe, Cidade do México, 18/11/2022.

Sempre que venho a esta amada Basílica é para agradecer. E hoje o faço novamente com minha família e com o povo de Deus que me faz viver a fé de maneira simples.

Tlazohocamti é uma palavra nahuatl que indica “gratidão a partir da alma”. E assim quero me expressar diante de nossa Virgem de Guadalupe. Grato pela vida e pelo cuidado que meus pais, José Luis e Lourdes, e meus irmãos José Luis e Silvia, juntamente com meus cunhados e sobrinhas, me deram. Graças ao respeito e apoio deles, escolhi ser agostiniano recoleto. Grato ao Colégio Santo Agostinho da minha terra natal, com seus frades e suas histórias sobre as missões da Ordem, com seus colegas de classe. Neste colégio conheci Jesus na minha Primeira Comunhão e ali iniciei um processo de formação que continua e tem sido essencial ao longo da minha vida.

A gratidão de alma vem também dos meus avós, que sempre estiveram presentes com sua paciência e amor, me ensinando a caminhar. Com eles agradeço também tudo o que fizeram os padres idosos desta Arquidiocese do México… E aos queridos religiosos idosos da Ordem dos Agostinianos Recoletos do México: Frei Jesús Pérez, Frei Rafael Arana e Frei Ricardo Jarauta.

Hoje agradeço a todos os formadores, religiosos e sacerdotes, que durante o meu processo de formação inicial, o noviciado, os estudos de filosofia e teologia, me ajudaram a continuar a busca de Jesus com paixão e em comunidade, ao estilo de Santo Agostinho. Com eles aprendi aquela pequena oração que me ajudou muito este ano: “Toda a minha esperança repousa na tua grande misericórdia, dá-me, Senhor, o que mandas e manda o que queres” (Santo Agostinho, Confissões X, 29,40).

Sempre me senti apapachado encasulado no México. Apapacho é outra palavra de origem náuatle que tem um significado profundo: “abraçar ou acariciar com a alma”. Quero fazer ressoar aquelas palavras de Nossa Senhora: “Não estou eu aqui,eu que sou sua mãe? Você não está sob minha sombra e proteção? Não sou eu a fonte de sua alegria? Você não está no oco do meu manto, na cruz dos meus braços? Você precisa de mais alguma coisa?”

Assim nos sentimos todos nós que trabalhamos nesta Arquidiocese, mimados por Nossa Mãe de Tepeyac, pelos leigos que, com sua convicção, nos dão lições de simplicidade e humildade: os que distribuem a comunhão nos hospitais, os que fazem retiros nas prisões, os que se preocupam em acolher o migrante, os jovens adeptos da Eucaristia. Estes leigos mimam-nos e fazem-nos deslocar o olhar do centro para a periferia, obrigam-nos a ser melhores membros da Igreja. Leigos que sabem perdoar os abusos de poder e às vezes formas pouco evangélicas de levar adiante a Igreja.

Nos 23 anos que estou no México, senti-me acompanhado por eles e por um presbitério com quem me senti um irmão. Os pequenos detalhes no antigo Vicariato Episcopal com Monsenhor Diego Monroy, Monsenhor Luis Ernesto Reynoso, Monsenhor Francisco Clavel e Dom Carlos Aguiar, ambos em Tlalnepantla e na Cidade do México.

Apapachado senti neste retorno à Cidade do México com a equipe responsável pelo governo da Arquidiocese do México: os bispos auxiliares e a equipe de D. Carlos. Não gostaria de deixar de mencionar meus irmãos agostinianos recoletos que continuam me acariciando com a alma, sempre atentos ao meu estado de espírito, ajudando meu coração a descansar e se acalmar nesta nova etapa. Frades que dançam a dança da vida com o povo de Deus. Irmãos de coração que se esforçam para criar comunhão e unidade. Agradeço à minha querida família recoleta, sempre presente, sempre para mim queridos

Hoje neste dia peço que suas orações sejam próximas ao povo de Deus, crentes ou distanciados. O Servo de Deus Dom Luis María Martínez, Arcebispo desta Cidade do México, costumava dizer que “para chegar a Deus é preciso subir, mas o paradoxo é que o segredo para subir é descer”.

Por isso preciso da oração para estar perto de todo o povo de Deus: irmãos, o Evangelho nos une, o compromisso de acompanhar os mais vulneráveis da sociedade. Na Arquidiocese Primaz do México existem bons sacerdotes, religiosos e leigos que trabalham a partir de sua própria opção vocacional e ajudam a criar uma verdadeira fraternidade e a buscar soluções juntos nos diversos ambientes e culturas que esta cidade possui. Continuemos caminhando juntos, esperando e semeando com vistas a resultados a longo prazo, vivendo em fraternidade.

Sejamos próximos. Existe um termo que eu gosto muito e em alguns lugares do México é usado: acercanza, “ficar muito perto”. Um termo que nos ajuda a ir além da proximidade física, para dar um passo em direção à proximidade afetiva. Aprender a amar é a meta que temos todos os dias, por favor, não vamos desperdiçá-la. Há testemunhos de grande proximidade afetiva, de proximidade com o povo de Deus: o Tata Vasco, Santo Ezequiel Moreno, São Rafael Guízar e Valencia, seguiram Jesus através de um serviço atento e comprometido, apesar das difamações e invejas, o seu único objetivo era ser perto dos mais fracos e eles conseguiram.

O amor desarmado e o desarmamento de Jesus me convida a acolher a misericórdia e ser misericordioso com os mais fracos da nossa sociedade. Assim compartilho hoje diante do povo santo e fiel de Deus e diante da imagem da nossa amada Virgem de Guadalupe: misericórdia eu peço, misericórdia eu quero.