As missões, projetos sociais e ações solidárias são uma constante na ação da Família Agostiniana Recoleta. A Província de São Nicolau de Tolentino sempre viveu em missão, desde seu nascimento motivado pela abertura das primeiras missões de evangelização nas Filipinas no século XVII. Desde então, tem exercido sua atividade evangelizadora seguindo o mandato de Jesus nos lugares hoje chamados de “fronteira”: ali onde é necessário defender a dignidade da vida humana, a justiça social, a igualdade de oportunidades, a defesa dos mais vulneráveis.
O Tratado de Tordesilhas de 1494 dava à Espanha toda a Amazônia. As expedições de Orellana (1539) e Ursua (1549) deram-na a conhecer, mas o império espanhol não se preocupou com aquelas terras. Ingleses, franceses e holandeses tentaram invadi-las. Portugal se instalou, rompendo o Tratado e, para fortificá-las fundou as cidades de Belém, Óbidos e Santarém.

A conquista se realizou por tropas de castigo à inimigos de Portugal, por caçadores de índios (sertanistas) que os escravizavam para recolher seus bens, e por missionários que os catequizavam e defendiam da opressão militar e escravista.

As primeiras notícias escritas do Purus chegam pelo jesuíta alemão Samuel Fritz em 1689: “Depois que cheguei a aqueles lugares, vieram de suas aldeias muitos índios Cuxiuara com seus filhos. Quando estive ali e durante oito dias me atenderam com muita prontidão e amor, […] e mostrando desejo de que ficasse com eles”.
Antes de 1689 já havia portugueses no Purus. Navegavam durante 40 dias até 200 léguas rio acima e o converteram no maior provedor de carne, gordura, óleo de tartaruga, de copaíba etc. Para isso necessitavam de muita mão de obra indígena, mas os índios da região foram logo exterminados.

O liberalismo e iluminismo do Marques de Pombal chegaram ao Amazonas em 1757 e queria integrar os indígenas no sistema colonial como agricultores, caçadores, coletores de espécies, remadores, guias e fabricantes de produtos básicos. O nativo foi forçado a reunir-se em vilas, reduzindo drasticamente a população. Ante a escassez de mão de obra indígena, buscaram escravos africanos. O comércio ultramarino floresceu e apareceram novos magnatas, latifundiários e comerciantes.
A exploração da borracha determinou a rápida ocupação de áreas virgens. Os territorios indígenas diminuíram drásticamente e várias tribos foram exterminadas. Trouxeram milhares de homens do Nordeste brasileiro, onde as secas facilitaram essa emigração ao novo “Eldorado”. Um destes nordestinos foi o coronel Antônio Rodríguez Pereira Lábre, fundador de Lábrea em 1873. A cidade chegou a produzir um terço da borracha do Amazonas. Destacava-se como a “Rainha do Purus”, com ruas calçadas com pedras, igreja, alguns edifícios e quatro jornais: “O Purus”, “O Labrense”, “A Cidade de Lábrea” e “O Correio do Purus”.
PÁGINA SEGUINTE: b. Descrição física da região do Purus
ÍNDICE DE PÁGINAS: MISSÕES
- 1. Agostinianos Recoletos: Missionários por necessidade
- 2. Missão, um termo complexo e abrangente
- 3. Religiosos, leigos e voluntários missionários
- 4. Missionários por lei
- 5. Missionários por herança
- 6. As missões da Província de São Nicolau de Tolentino no século XIX
- 7. As missões da Província no século XX
- 8. Prelazia de Lábrea, Amazonas, Brasil
- 9. Missão da China: Kweiteh/Shangqiu, Honã
- 10. Cidade dos Meninos (Agua Caliente de Cartago, Costa Rica)
- 11. Lar Santa Mônica (Fortaleza, Ceará, Brasil)
- 12. CARDI, Centro Agostiniano Recoleto de Desenvolvimento e Recuperação Integral, Cidade do México
- 13. O serviço aos migrantes: Estados Unidos, Londres, Madri