As missões, projetos sociais e ações solidárias são uma constante na ação da Família Agostiniana Recoleta. A Província de São Nicolau de Tolentino sempre viveu em missão, desde seu nascimento motivado pela abertura das primeiras missões de evangelização nas Filipinas no século XVII. Desde então, tem exercido sua atividade evangelizadora seguindo o mandato de Jesus nos lugares hoje chamados de “fronteira”: ali onde é necessário defender a dignidade da vida humana, a justiça social, a igualdade de oportunidades, a defesa dos mais vulneráveis.
Quando os europeus saíram ao encontro dos povos de terras além-mar, durante o século XVI, a Igreja escutou o chamado para levar-lhes a fé cristã. Os agostinianos estiveram entre os primeiros evangelizadores em América Latina, África e Ásia.
Em 1533, sete religiosos da Província de Castela, da Ordem de Santo Agostinho (a mesma da qual nasceu a Recoleção cinqüenta anos depois) saíram desde Sanlúcar de Barrameda (Cádiz) rumo ao México. O prior geral dos agostinianos, Jerónimo Seripando, animou a empreitada: “Com Cristo vós não deveis desejar nada mais que a salvação das almas pelas quais Ele teve sede na cruz”, disse-lhes.
Em 1562 havia no México mais de 50 casas dos agostinianos com uns 300 religiosos. Viajando a pé, os freis aprenderam as línguas locais e imprimiram catecismos. Abriram centros de acolhida e cuidaram dos enfermos em suas zonas de ação. Fundaram novas vilas, construíram aquedutos, abriram escolas, iniciaram o comércio, importaram da Europa árvores frutíferas e legumes, ensinaram a plantar trigo e aumentar os cultivos de cereais; em suas igrejas e mosteiros formaram artistas e artesãos locais; catequizaram, batizaram. Foram os primeiros missionários a dar a comunhão aos índios e inculcar-lhes as práticas sacramentais.
A partir de 1577 não foi necessário solicitar religiosos da Espanha, pois abriram suas casas às vocações locais. Em 90 anos haviam estendido suas atividades missionárias pelo México, Peru (1551), Equador (1573), Colômbia e Venezuela (1575), Chile (1595), Cuba (1608), Guatemala (1610), Panamá (1612) e Argentina (1626).
Em 1565 abriram a rota do Pacífico às Filipinas, graças aos trabalhos do religioso navegante Andrés de Urdaneta. Os Agostinianos foram a única ordem religiosa presente em Filipinas durante 15 anos. Em 1584 abrem a rota até o Japão.
Os primeiros recoletos surgiram num momento de máxima atividade missionária na Ordem de Santo Agostinho e beberam destas fontes. Os agostinianos mais próximos aos valores da Recoleção e ao seu nascimento foram animadores e promotores das missões. Foi um ambiente de cultivo que propiciou que a Recoleção Agostiniana, desde seu primeiro momento, estivesse firmemente unida à tarefa missionária.
Três “antecessores” da Recoleção têm em comum, iniciativas missionárias. Tomé de Jesus que permaneceu durante anos nas prisões de Marrocos, de maneira voluntária, para atender aos cativos; Alonso de Orozco que embarcou para as missões do México e só voltou à Península Ibérica, desde Canárias, quando piorou de sua artrose; e Tomás de Vilanova, que como provincial, não somente enviou dois missionários ao México, mas também muitos de seus discípulos e promoveu tudo quanto estava ao seu alcance.
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ÍNDICE DE PÁGINAS: MISSÕES
- 1. Agostinianos Recoletos: Missionários por necessidade
- 2. Missão, um termo complexo e abrangente
- 3. Religiosos, leigos e voluntários missionários
- 4. Missionários por lei
- 5. Missionários por herança
- 6. As missões da Província de São Nicolau de Tolentino no século XIX
- 7. As missões da Província no século XX
- 8. Prelazia de Lábrea, Amazonas, Brasil
- 9. Missão da China: Kweiteh/Shangqiu, Honã
- 10. Cidade dos Meninos (Agua Caliente de Cartago, Costa Rica)
- 11. Lar Santa Mônica (Fortaleza, Ceará, Brasil)
- 12. CARDI, Centro Agostiniano Recoleto de Desenvolvimento e Recuperação Integral, Cidade do México
- 13. O serviço aos migrantes: Estados Unidos, Londres, Madri