Agostinho de Hipona é nosso fundador e pai de uma ampla Família Religiosa que segue su Regra, seus ensinamentos e forma de vida. Nestas páginas vamos conhecer melhor sua biografia, sua sensibilidade, sua proposta de vida comunitária a homens e mulheres de todos os tempos.
Em Tagaste, reparti entre os pobres os poucos bens que me tocavam. Só fiquei com a casa de meus pais e ali vivi em comum com vários amigos. Tínhamos somente o essencial, e nada possuíamos como próprio. Dividíamos o dia entre o estudo e a oração. Em Casicíaco eu havia começado a publicar meus livros, e assim segui dedicando-me ao mesmo ofício. Esforcei-me para demonstrar a falsidade da doutrina maniqueísta e, ao que me consta, ajudei muitos a saírem daquela fraude.

Quando já estava há três anos em Tagaste, fizeram-me, quase que à força, sacerdote de uma cidade costeira, Hipona, uma cidade barulhenta e cheia de problemas. O bispo era de língua grega e conhecia apenas nossa língua, o latim; necessitava de alguém que pregasse e entendesse o povo. Desde logo, isto provocou uma ruptura em minha vida. Foram-se por terra, de uma vez só, os planos que me havia traçado como definitivos: viver retirado, dedicado à oração e ao estudo. De repente, encontrei-me afundando num mar de atividades. Se bem que compreendi em seguida, que esse era o caminho que Deus me indicava para servi-lo nos demais.
Agora, não pensem que abandonei meu ideal monástico; ao contrário, vi que a vida monástica podia ser o melhor serviço à Igreja. Assim, com a permissão do bispo, organizei um mosteiro em Hipona. Do mesmo modo que em Tagaste, tomamos como modelo a primeira comunidade de Jerusalém, que descreve o livro dos Atos dos Apóstolos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.(4, 32). Nós fizemos o mesmo. Como aquelas, repartimos tudo com os pobres, e do que havia em comum, fora roupa, dinheiro ou comida, cada um recebia quanto necessitava. Uns estudavam, outros trabalhavam, nós todos nos esforçávamos para fazer da comunidade um testemunha de caridade e unidade. Isso era o que importava.
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ÍNDICE: SANTO AGOSTINHO
- A. Biografia de Agostinho de Hipona
- B. O monacato agostiniano
- C. A árvore que Agostinho plantou