As missões, projetos sociais e ações solidárias são uma constante na ação da Família Agostiniana Recoleta. A Província de São Nicolau de Tolentino sempre viveu em missão, desde seu nascimento motivado pela abertura das primeiras missões de evangelização nas Filipinas no século XVII. Desde então, tem exercido sua atividade evangelizadora seguindo o mandato de Jesus nos lugares hoje chamados de “fronteira”: ali onde é necessário defender a dignidade da vida humana, a justiça social, a igualdade de oportunidades, a defesa dos mais vulneráveis.
A maior parte dos missionários católicos forma parte de uma congregação religiosa. Muitas dessas congregações nasceram com esta motivação; seu estilo de vida favorece entregar tempo e vontade a tarefas pouco cômodas e simples; por último, sua estrutura interna lhes permite uma presença continuada em projetos a longo prazo.
Existem congregações que nasceram exclusivamente para a missão. Em outros casos, a missão tem sido uma de suas atividades e às vezes não se tem dedicado a ela a maior parte dos esforços e recursos. É o caso da Ordem dos Agostinianos Recoletos. Nela, a missão é uma necessidade, um imperativo, algo indispensável; mas não é a única dedicação.
Além de religiosos, religiosas e sacerdotes, nas missões católicas havia em 2010 um total de 316.836 leigos (Agencia Fides). Todo batizado tem um traço “missionário” iniludível, pois o cristão não pode ser indiferente ao mundo que lhe rodeia, ficar parado ante quem precisa dele.
A Província de São Nicolau de Tolentino não tem nenhum leigo missionário com tempo completo, a não ser na Prelazia de Lábrea, em virtude de um acordo com associações locais brasileiras para a atenção a alguns postos da missão.
Além destes “missionários leigos profissionais”, o outro grande campo (e muito mais numeroso) de trabalho missionário está no voluntariado; pessoas que por compromissos familiares ou de trabalho, não podem ter uma dedicação completa e permanente à solidariedade, mas dedicam seus fins de semana, férias e horas tiradas do lazer, para ser e sentir-se colaboradores da missão. Contribuem profissionalmente e com recursos, sem os quais muitas obras missionárias deixariam de existir
O voluntariado não requer uma plena comunhão ideológica ou religiosa com a Igreja. Pelas missões agostiniano-recoletas passaram voluntários pertencentes a outras religiões e inclusive não adeptos a nenhuma, porém que trabalharam com empenho e com respeito pelo bem dos beneficiados a partir da estrutura solidária oferecida pelas missões.
Nestes casos, somente se pede e se oferece aos voluntários, o respeito mútuo, a aceitação do trabalho e da vida dos religiosos missionários, dos valores e princípios nos quais baseiam sua relação com a população local, assim como alguns acordos no mínimo facilmente alcançáveis. É mais o que une duas pessoas empenhadas por um mundo justo e solidário, do que aquilo que as possa separar em outros âmbitos.
A missão é, portanto, algo aberto a todos e todas, segundo suas possibilidades, a partir de sua realidade, de seu compromisso e inclusive de sua ideologia. Ninguém pede mais do que se possa dar, porém bom é não contentar-se com menos do que se deve dar. A generosidade é um valor humano e um dos testemunhos mais significativos no mundo de hoje.
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ÍNDICE DE PÁGINAS: MISSÕES
- 1. Agostinianos Recoletos: Missionários por necessidade
- 2. Missão, um termo complexo e abrangente
- 3. Religiosos, leigos e voluntários missionários
- 4. Missionários por lei
- 5. Missionários por herança
- 6. As missões da Província de São Nicolau de Tolentino no século XIX
- 7. As missões da Província no século XX
- 8. Prelazia de Lábrea, Amazonas, Brasil
- 9. Missão da China: Kweiteh/Shangqiu, Honã
- 10. Cidade dos Meninos (Agua Caliente de Cartago, Costa Rica)
- 11. Lar Santa Mônica (Fortaleza, Ceará, Brasil)
- 12. CARDI, Centro Agostiniano Recoleto de Desenvolvimento e Recuperação Integral, Cidade do México
- 13. O serviço aos migrantes: Estados Unidos, Londres, Madri