Mariano Gazpio em 1952 em Manila, expulso recentemente da China.

Chegou na China aos 24 anos, sem entender o idioma ou conhecer a cultura local. Com seu caráter afável, sua humildade e profunda vida espiritual, Frei Mariano Gazpio ganhou a confiança e o carinho do povo; entrou nesses corações a tal ponto que muitos decidiram se juntar à comunidade eclesial e participar ativamente da evangelização.

Depois de quatro anos em Chengliku frei Mariano Gazpio passou à capital do distrito, Yucheng, onde desenvolveria uma vida apostólica mais plena e qualificada. Naquele lugar pôde colocar em prática seu programa de oração e predicação: oração fervorosa como preparação do terreno; anúncio e pregação na qual ele generosamente espalhou a semente da Palavra.

Mariano primeiro meditava e escutava a Palavra de Deus e enchia seu coração para que mais tarde transbordasse na pregação; em sua oração sempre pedia que germinassem aquelas sementes e que dessem abundantes frutos de vida cristã.

A missão de Yucheng não era fácil nem o horizonte era de esperança: dentro das muralhas da cidade somente vivia um cristão, de 80 anos; as missas somente eram assistidas por dois ajudantes do missionário, e durante os domingos se juntava algum que outro cristão que estava de passagem.

Esta situação se prolongava no tempo sem dá quase nenhum fruto. Seria melhor mudar para outro campo mais frutífero? Frei Mariano não se desanimou; com paciência e resignação continuava rogando ao Senhor com fé e insistência. No dia 12 de julho de 1930, ele escreveu a Mariano Alegria, seu companheiro de fadiga em Chengliku, para lhe contar como vivia em sua nova missão:

“A oração tem sido, é e sempre será o primeiro fator na obra de evangelização. Por mais que eu tente pregar, demonstrar a falsidade de seus cultos, expor a eternidade de uma vida feliz ou extremamente infeliz, tudo é inútil se eu não me dedicar antes a ganhar o coração daquele que é totalmente amor, que nos diz: sem mim nada podeis fazer. Totalmente convencido dessa grande verdade, coloquei todo o meu coração nas mãos de nosso Salvador e confiei meus negócios a Ele.

Duas cristãs foram enviadas para apoiar a evangelização no local, de tal forma que, somando aos dois ajudantes, já eram quatro cristãos chineses mais os dois missionários espanhóis, Mariano Gazpio e Joaquín Peña. Por outro lado, uma campanha de oração e apoio se inicia na revista Todos Missionários. Com o tempo a fé começa a se enraizar, são produzidos testemunhos de conversão e cura, muitos mais são atraídos pela fé cristã em Yucheng:

“Nos dias de trabalho e aos domingos, novos catecúmenos da cidade e vilarejos, movidos pela simples narração que ouvem dos lábios de alguns catecúmenos sobre certas graças que acabaram de receber na capela da missão católica, chegam a esta casa de oração e, com esta humilde oração nos lábios, “Senhor, tem piedade de mim; santa Mãe de Deus, ajuda-me”, conseguem ver desaparecer de seus corpos o desconforto que o demônio lhes causava há muitos anos e, assim, a fé deles aumenta e com ele o número de seguidores de Cristo”.

Mas não somente rezava e pregava: Mariano Gazpio, como seu Mestre, passava o tempo fazendo o bem. Mostrou sempre grande sensibilidade pelos pobres, enfermos e moribundos ao consolar cada um deles, dando calor humano e assistência espiritual. Muitos encontraram nesses gestos de amor o maior testemunho da verdade do Evangelho que pregavam a eles.

O trabalho de evangelizar e batizar os moribundos abriu muitas portas e deu-lhe grandes experiências de conversão. Algumas foram deixadas por escrito, como a que pode ser lida em uma carta do dia 20 de novembro de 1932:

“No ano passado, uma cristã da cidade me implorou para batizar seu sobrinho doente, filho de pais pagãos. Saí instantaneamente, batizei-o e, depois de conversar um pouco com a família sobre a necessidade de adorar o único Deus verdadeiro e por que a superstição em que vivem deve ser rejeitada, voltei para casa. O ancião Pe, que morava na casa vizinha, ouviu o que eu disse e logo depois que meu ajudante falou, e a partir daquele momento sentiu dentro de si um certo desejo de ir à missão católica. Ele não o pôs em ação e, desta vez, vendo-se na cama e quase morto, enviou seu filho e sua família para chamar o missionário para batizá-lo, acrescentando que ele queria muito que toda a família se tornasse cristã”.

SEGUINTE PÁGINA: C. Chutsi (1934-1941)


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