Kweiteh, 28 de junho de 1935, a entrega do hábito dos três primeiros noviços chineses. Primeira fila, sentados: Leoncio Sierra, Javier Ochoa, Mariano Gazpio e Joaquín Peña. Segunda fila, centro Jesus Samanes, Guillermo Ugarte, Gregorio Li, Arturo Quintanilla, Pedro Ruiz, Jose Shan, Lucas Yuo, José Martinez e Eusebio Martinez. Fila 3ª: Julian Sáenz, Francisco Sanz, Pedro Colomo, Lorenzo Peña, Luis Arribas e Francisco Lizarraga.

Chegou na China aos 24 anos, sem entender o idioma ou conhecer a cultura local. Com seu caráter afável, sua humildade e profunda vida espiritual, Frei Mariano Gazpio ganhou a confiança e o carinho do povo; entrou nesses corações a tal ponto que muitos decidiram se juntar à comunidade eclesial e participar ativamente da evangelização.

Em meio a China em chamas, os agostinianos recoletos tiveram outro grande consolo: a vida comunitária. Frei Mariano ficava reconfortado com a presença de seus irmãos, onde encontrava descanso e repouso das fadigas e dos problemas apostólicos. O fato de que até 1941 viveu com um único companheiro ou até mesmo chegou viver sozinho durante longas temporadas, tudo isso lhe ajudou a apreciar esse dom da vida fraterna.

Não é incomum ler nos escritos de Mariano emocionantes e profundos elogios com ações de graças pela comunidade. Em 1935 ele escreveu sobre seu companheiro, Mariano Alegria:

“Quando voltei para casa, em santa paz e alegria, relatava suas impressões em detalhes, desfrutando do indizível, porque aqui na missão, tristezas e alegrias são sempre comuns. […] contei ao meu amado padre Alegria quanto tinha advertido naquelas cristandades digno de atenção e nós dois ficamos satisfeitos e consolados nessas ricas e inocentes conversas nas quais o coração fala mais que a língua”.

Também gostava como nenhum outro da convivência fraterna, quando todos os missionários se juntavam nas comemorações de santo Agostinho e são Nicolau de Tolentino, os exercícios espirituais, nos encontros mensais ou para receber os novos religiosos que estavam vindo para a missão. Sobre aqueles dias de convivência em Kweiteh escreve em 1934, deixando transparecer a influência da Regra de Santo Agostinho, com suas palavras:

“Quando às vezes me encontro na casa central cercado por vários missionários, interiormente aprecio o indizível quando ouço as histórias de mil cenas emocionantes, consoladoras, tristes e lamentáveis, mas que demonstram como a mão de Deus sustenta seus servos; histórias que são cômicas e engraçadas que motivam o riso inocente”.

Mariano Gazpio ficava extremamente feliz em saber que entre os membros da comunidade reinava uma convivência amigável: sobre o seu apreço da vida comum fala nesta carta de 1937 ao diretor da revista fundada na Missão, Todos Missionários:

“Que alegria que nos envolve de modo suave e agradável na vida religiosa, e que união tão íntima sentimos entre os religiosos onde o meu é seu e seu é meu e alegrias e tristezas são comuns!”.

E dois anos antes, em 1935, ele escreveu:

“Como desfrutamos e nos alegramos nessas ocasiões, vendo palpavelmente a caridade fraterna que une tão intimamente o coração daqueles que professam a mesma fé e a mesma regra!”.

Mariano não apenas valorizava a companhia dos seus irmãos recoletos. Também há rumores de religiosos de outras Congregações e Ordens religiosas, como por exemplo os frades dominicanos de Hong Kong, que sempre demonstraram uma acolhida e um tratamento amável em relação aos agostinianos recoletos. Durante o Natal de 1938, no qual esteve com eles, afirma em uma carta:

“Como é doce e agradável, estar longe de casa, conhecer pessoas religiosas que não apenas hospedam em sua casa, mas também fazem com que você sinta e desfrute das alegrias da companhia fraterna! Bem-aventurados os religiosos que, sem possuir nada próprio, encontram verdadeiros irmãos e casas onde quer que haja um convento ou casa religiosa. Que Deus nosso Senhor pague com abundantes bênçãos aos padres dominicanos pelo cuidado que eles mantiveram com o Senhor Bispo e com este seu servo”.

Por causa desta mesma sensibilidade, por causa do bem da vida comum, vivia com maior dificuldade em que ele mesmo ou outro de seus irmãos religiosos não puderam disfrutar da companhia dos irmãos. Em 1952, em uma de suas últimas cartas estando na China, ele escreve:

“Este querido irmão passou um ano e meio sem ver um missionário ao seu lado. Veja, querido Padre, se o senhor por acaso poderia ver a si mesmo privado desse grande consolo por tanto tempo. Muito feliz viria por aqui para trocar impressões e passar alguns dias com os irmãos, mas não é possível obter essa graça”.

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