Abordagem biográfica, longa e profunda entrevista e vários testemunhos sobre a obra do historiador agostiniano recoleto Ângelo Martínez Cuesta. É uma homenagem à sua intensa dedicação profissional durante meio século, bem como uma tentativa de aproveitar sua experiência, conhecimento e bagagem cultural a partir da expressão de suas opiniões pessoais fora das imposições do texto científico.

Ir. Guadalupe Martínez

* Religiosa Carmelita da Caridade, e irmã de Ângelo Martínez Cuesta.

Tenho boas lembranças dele. Desde criança, ele era muito carinhoso, alegre, humilde, generoso e muito trabalhador. Ele também gostava de fazer algumas travessuras típicas dessa época, como sair com as outras crianças para pegar frutas nas hortas do povoado. Como adulto, sempre o vi como muito humano, humilde, simples, generoso, desapegado, caridoso e trabalhador.

Fotografia da família Martínez Cuesta. Na parte inferior com hábito, Guadalupe Martínez, carmelita da caridade.

Luis Martínez

* Irmão de Ângelo Martínez Cuesta.

Em sua infância, ele era uma criança extrovertida, muito amigável, um tanto travesso e inquieto. Ele se deixava se levar por seus amigos, mas sempre se mostrou ter um grande coração, era generoso: compartilhava suas coisas com todos, de tal forma que, às vezes, quando os amigos pensavam em pegar frutas em alguma horta, ele dizia: “Vamos para a minha, que é mais perto”.

Já na escola, quando vinha de férias, era visível que ele estava amadurecendo e permanecia desapegado como sempre. Todos gostavam dele, algo que acontece até hoje, pois toda a família e amigos o querem bem. Por sermos quase da mesma idade, eu era um dos seus irmãos mais próximos.

Em sua vida adulta, tenho visto Ângelo como uma pessoa muito desapegada, com muito amor pela família e por todos em geral; uma pessoa muito simples e humilde, trata a todos da mesma forma, independentemente de sua posição social; é algo que eu sempre admirei nele, nunca ostentando seu conhecimento intelectual; muito carinhoso e de conversa agradável.

Lembro que quando saímos de férias para o nosso povoado ele nos explicava a história das cidades por onde passávamos, então a viagem se tornava mais curta e agradável.

Fotografia da família Martínez Cuesta. Luís, primeiro à esquerda, ao lado de Ângelo.

Carmen Martínez

* Irmã de Ángel Martínez Cuesta.

Ângelo era uma criança travessa, ao mesmo tempo, bondoso e generoso. Lembro-me daquele domingo que ele e eu estávamos sozinhos em casa porque éramos muito jovens e os outros haviam ido à missa no povoado mais próximo, a quatro quilômetros de distância. Ângelo pegou um queijo que minha mãe havia guardado, cortou um pedaço para mim, mas não para ele. Acho que recebeu uma pequena bronca depois desse episódio, mesmo assim, não disse que era para mim.

Também se disponibilizava para ajudar com as atividades escolares e pequenos trabalhos que eram enviados como tarefas escolares para outros meninos de sua idade. De suas travessuras, que eram muitas, ele ficou com um problema em um pé. Ele realmente gostava de correr no burro e fazia isso com grande habilidade.

Ajudava o máximo que podia nos trabalhos agrícolas. Eu, que era mais jovem, lembro-me de ouvir de todos que era muito trabalhador.

As lembranças que tenho dos primeiros anos da escola são que ele falava muito e sua conversa era muito agradável, fazendo com que a gente passasse momentos bastante agradáveis. Também que tirava boas notas.

Quando ingressou no noviciado ficamos sem nenhuma notícia, mas depois que professou em Marcilla passou a escrever com frequência; suas cartas eram carinhosas e muito agradáveis.

Quando foi ordenado padre, passei a vê-lo como fiel, sacrificado e tradicional. Mais tarde, em Roma, durante seus estudos na Gregoriana, ele se tornou mais aberto, passou a ver o mundo com otimismo, mas permaneceu sacrificado e fiel.

Quando escreveu a vida para a beatificação de Santo Ezequiel Moreno eu o vi mudado, mais focado em sua vida religiosa, começando a falar menos, algo que tem se intensificado até hoje.

Fotografia da família Martínez Cuesta. Carmen, primeira da esquerda, com o filho nos braços.

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