Profissão solene no mosteiro de Tecamachalco.

A Federação de Monjas Agostinianas Recoletas do México celebra o 25º aniversário e já se expandiu pelo México, Estados Unidos, Brasil e Quênia. A Federação permitiu a cada um dos mosteiros associados participar de atividades e recursos comuns em termos de formação inicial e permanente, pastoral vocacional e administração econômica.

A. Da consagração solitária à consagração em comunidade

Uma vez que a cristandade começou a viver em paz, sem sofrer as contínuas perseguições do Império Romano, o modo de vida dos anacoretas, cenobitas e virgens consagradas começou a se difundir mais intensamente. As circunstâncias permitiram que homens e mulheres decidissem “separar-se do mundo” e entregar-se a uma vida de oração.

As mulheres, que por sua vez, professavam a virgindade foram congregando-se para viver em comum; dentro de algumas décadas, apenas os homens seguiram um estilo de vida solitário. A Igreja recomendava a vida comum para as mulheres e, gradualmente, as mulheres consagradas que viviam em suas próprias casas deixaram de existir. De fato, num certo momento da história, a Igreja deixou de reconhecer a vida feminina contemplativa privada ou pessoal. Assim nasceram os mosteiros femininos das virgens consagradas. No início da Idade Média, a opção de uma vida feminina solitária havia desaparecido.

Nos séculos XVI e XVII aparecem as congregações femininas. Essas congregações se uniram às ordens masculinas, e as monjas que professavam desde o claustro passavam a viver o mesmo carisma e fontes fundacionais que as ordens masculinas. Quase todas as ordens monásticas e mendicantes estabeleceram seu ramo feminino.

O nascimento da vida religiosa feminina ativa (não de clausura) no século XVI ocorreu quando muitos mosteiros contemplativos começaram a adotar certas obras de apostolado. Mais tarde, dedicaram-se à educação e às obras de caridade, gerando assim os dois tipos de vocação: contemplativa e apostólica. Assim, a Igreja ganhou a riqueza que conhecemos hoje de estilos de vida religiosa feminina.

O exemplo testemunhal, a oração e o espírito de sacrifício são os três pilares do “apostolado” das monjas de clausura. Vivem em mosteiros e trabalham manualmente para ganhar a vida, mas fazem-no de uma forma completamente retirada, formalmente, da sociedade; dizemos “formalmente”, porque na realidade elas sabem bem o que acontece fora dos muros dos seus mosteiros, e sentem em seus corações a presença de cada ser humano de todas as condições.

B. De mosteiros isolados a mosteiros federados

O Papa Pio XII decidiu em 1950 que a mesma organização que já havia sido aplicada alguns anos antes com os mosteiros masculinos deveria se aplicar aos mosteiros femininos de clausura: que pudessem se unir e apoiar-se mutuamente através das Federações.

Este conceito, embora gerado antes do Concílio Vaticano II, continha muitas das características e peculiaridades que o Concílio daria anos mais tarde à vida religiosa. Isso deu a possibilidade de o isolamento tradicional dos mosteiros de clausura ser relaxado para permitir uma distribuição mais fácil e conveniente dos ofícios, a transferência de monjas de um mosteiro para outro para cobrir certas necessidades (governamentais, formativas, etc.), apoio econômico entre mosteiros…

Este movimento confederativo na Igreja é fortalecido e promovido a partir de meados do século XX; com as federações de mosteiros autônomos de monjas, outros movimentos surgiram bastante comuns para o nosso tempo, mas derivados desse impulso: as conferências de superiores maiores ou as conferências setoriais de religiosos e religiosas de vida ativa, como a CONFER (Conferência Espanhola de Religiosos), a CIRM (Conferência dos Superiores Maiores de Religiosos do México) ou a CRB (Conferência dos religiosos do Brasil) e já depois do Concílio, as conferências episcopais.

Desde 1950, a Igreja recomendou “encarecidamente” que estas Federações de mosteiros de monjas fossem formadas, “tanto para evitar os danos que possam ocorrer mais séria e facilmente aos mosteiros que são completamente independentes e que, em grande medida, possam ser efetivamente evitados através da união, quanto para promover bens espirituais e temporais”, conforme a instrução da Sagrada Congregação para os institutos de vida consagrada que busca colocar em prática o que Pio XII indicou. Essas Federações nunca foram consideradas uma “imposição” ou obrigação, mas sim “necessárias”.

De fato, em 7 de março de 1951, houve uma circular dirigida aos superiores das ordens religiosas masculinas instando-os a explicar às suas irmãs de clausura as novas instruções sobre as Federações para encorajar sua constituição nos vários mosteiros. A Ordem dos Agostinianos Recoletos cumpriu essa determinação tanto na Espanha quanto no México.

Em 7 de junho de 1956, a Federação das Monjas Agostinianas Recoletas do México foi fundada, mas várias razões impediram seu funcionamento prático e tudo foi suspenso até 1981, quando começou uma campanha de revitalização que terminaria na declaração da Santa Sé no dia 14 de maio de 1988.

C. O que são e como funcionam as Federações dos mosteiros de monjas de clausura

A forma e o modo de compreensão das Federações de monjas são vastos: neles podem existir mosteiros federados que dependem do bispo diocesano ou do superior religioso; o âmbito da Federação pode ser supradiocesano, nacional ou internacional; pode estender-se a fins e objetivos mais ou menos amplos; e a limitação da autonomia de cada mosteiro pode ser muito variada: de mantê-lo quase intacto, imitar a mesma autonomia e independência, e até mesmo chegar a um regime semelhante a uma estrutura centralizada.

Existem várias vantagens e propósitos gerais das Federações de mosteiros de monjas de clausura:

  • ajuda fraterna para a preservação, defesa e incremento da observância e do carisma fundacional;
  • a possível construção de noviciados ou centros formativos comuns;
  • o reforço comum da formação espiritual, técnica e cultural, para que tenham uma suficiente qualidade em todos os mosteiros, independentemente da sua localização geográfica ou do número de irmãs;
  • facilitar a transferência de monjas para tarefas governamentais e de formação, ou mesmo por razões de saúde, doença ou qualquer outra necessidade moral, ou material;
  • a realização comum de novas fundações com a colaboração de todos os mosteiros;
  • a adoção de meios comuns de promoção vocacional;
  • ajuda financeira entre os mosteiros.

Para realizar todas essas tarefas, uma Federação conta com vários órgãos administrativos. O mais importante é a Assembleia Federal, onde as representantes dos mosteiros se reúnem para decidir o que querem fazer em comum, que prioridades terão nos tempos vindouros e o que precisam para salvaguardar e promover a própria vocação.

A Assembleia Federal é o órgão supremo de governo da Federação sendo composta pela reunião das religiosas representantes dos mosteiros com a missão de eleger a presidente e o Conselho, e de tratar dos assuntos mais importantes da Federação. Normalmente, participam da assembleia as superioras de cada um dos mosteiros e uma religiosa escolhida por cada comunidade.

Quando a Assembleia Federal termina, as pessoas responsáveis por continuar o trabalho são a Presidente Federal com seu Conselho. Não é uma superiora (no estilo dos superiores gerais ou provinciais de outras ordens e congregações), mas uma líder, com um campo de ação mais exortativo. Elas geralmente contam com uma secretária e uma tesoureira para facilitar o trabalho.

Há também uma figura importante para desenvolver as atividades que a Federação considerou e aprovou depois da Assembleia Federal: é o Assistente Religioso, que apoia, promove e está a serviço da Federação e serve como elo entre outras instituições religiosas, como as ordens e congregações da mesma família ou a própria Santa Sé.

No caso das agostinianas recoletas, as duas federações existentes de mosteiros de monjas (a da Espanha e a do México) têm mais a ver com as “confederações” de tipo civil, uma vez que os mosteiros federados não perdem sua capacidade de autonomia ou “soberania”.

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